terça-feira, 4 de abril de 2017

A CAMINHO DO INFERNO



Por Anatoli Oliynik

O crítico literário, Rodrigo Gurgel, publicou em seu sítio, no dia 31 de maio de 2014, o artigo sob o título “Reações ao Decreto 8.243 – a sociedade ainda respira. Até quando?” Neste artigo, Gurgel faz uma análise sobre as reações e repercussões do famigerado documento totalitário da mandatária do país em obediência às determinações do politiburo brasileiro que viceja nos porões da camada oculta da política brasileira e administra a Caixa de Pandora.

Escreveu Gurgel:
“A principal característica de um governo esquerdista é que ele jamais se contenta em governar de acordo com a ordem legal, instituída. Ele sempre acredita que detém a chave, a poção, a receita miraculosa para transformar o país no que, ele imagina, será o melhor dos mundos. O problema é que o melhor dos mundos, quando se trata da esquerda, está sempre próximo do que imaginamos ser o Inferno, quando não é o próprio Inferno.”

Mamãe, hoje com 89 anos de idade, lúcida, lê jornais, analisa fatos, viveu em dois mundos, cujos regimes pareciam ser distintos, mas que na realidade eram idênticos, tanto nas ações praticadas que eram os meios, quanto aos resultados que eram os fins almejados: o totalitarismo! Esses regimes – comunismo e nazismo – eram dirigidos por líderes psicopatas: na Ucrânia, sob o tacão do assassino Iosef Vissarionovich Dzhugashvili, mais conhecido por Stalin e na Alemanha, em plena Segunda Guerra Mundial, sob o regime nazista de Adolf Hitler.

Comentei com ela o artigo de Gurgel e, mas especificamente, o excerto supra. Ela, como testemunha real e concreta dos fatos ocorridos na segunda metade do século passado, tanto sob o tacão comunista quanto sob a esquizofrenia nazista, confirmou integralmente a análise feita pelo nosso crítico literário e escritor de escol e asseverou: ambos os regimes são criadores e mantenedores do próprio inferno na terra.

Infelizmente, os idiotas inúteis brasileiros que apoiam o regime que está em vias de ser oficializado no país e este excremento elaborado pela admiradora de Ho Chi Minh e que poderá levar o Brasil ao próprio inferno, ignoram a realidade dos fatos e fazem escárnio quando alguém tenta remover o véu que empana os olhos e a anestesia que entorpece a mente dessa gente. Agem como gado que é movido em direção do matadouro, ou porque não tem consciência da existência do matadouro, ou porque sonham com a utopia de colocar o burro na sombra e beber água fresca. Acontece que o inferno não tem sombra e nem água fresca. (Escrito em 01/06/2014)

A principal característica de um governo esquerdista é que ele jamais se contenta em governar de acordo com a ordem legal, instituída. Ele sempre acredita que detém a chave, a poção, a receita miraculosa para transformar o país no que, ele imagina, será o melhor dos mundos. O problema é que o melhor dos mundos, quando se trata da esquerda, está sempre próximo do que imaginamos ser o Inferno, quando não é o próprio Inferno.

A prova do que afirmo encontra-se não apenas na história das revoluções — vejam o Purgatório congelado no tempo em que Cuba se transformou, sobrevivendo graças à submissão de um povo sem esperança e sem armas e à propaganda esquerdista mundial, ou os milhões de crimes perpetrados pelo comunismo soviético —, mas também no presente, no cotidiano da sociedade brasileira, sequestrada, em grande parte, pelo pior tipo de populismo que já conhecemos, superior, em método e recursos, aos refinamentos do getulismo.

Esta semana, mais uma vez, o governo ensaiou uma tentativa de golpe. O alarme foi dado pelo editorial do Estadão, “Mudança de regime por decreto”, e rapidamente se espalhou pelas redes sociais e blogs, transformando-se em um fenômeno viral.

De fato, enquanto os políticos de oposição dormem, refestelados em seus altos salários e mordomias, parcela da sociedade vigia, atenta, os ensaios para se criar uma ditadura. As reações foram múltiplas: Reinaldo Azevedo pontificou: “A ‘democracia direta’ de Dilma é ditadura indireta do PT”. Alexandre Borges deu uma breve mas incisiva aula de história em “Todo poder aos sovietes petistas”. Felipe Moura Brasil denunciou a lentidão dos tucanos, sempre envergonhados ou sempre pactuando silenciosamente com o governo, no post “Ronaldo Caiado sai na frente de Aécio: ‘É golpe do PT!’”. No artigo “Um tumor inserido por decreto”, Fábio Blanco sangrou ainda mais a manobra traiçoeira. E Milton Simon Pires não deixou por menos: mostrou, em“Brasil 8243”, como o PT pretende destruir as instituições do país.

O mais didático e irônico, contudo, foi Erick Vizolli, no sempre ótimo Liberzone. No artigo “Afinal, o que é esse tal Decreto 8.243?”, Vizolli mostra que o sistema representativo, apesar de todos os seus defeitos, ainda é a única forma de nos protegermos de um Estado controlado por grupos que não têm compromisso com a democracia ou a liberdade, mas apenas com suas próprias ideologias.

Todos esses articulistas me recordaram as reflexões de Roger Scruton em The Uses of Pessimism and the Danger of False Hope (As vantagens do pessimismo, Editora Quetzal, Lisboa). No Capítulo 6, “A Falácia do Planeamento”, Scruton faz uma brilhante analogia entre a estrutura da União Europeia e a forma como Lenin aboliu, na Revolução Russa, “todas as instituições através das quais o partido e seus membros pudessem ser responsabilizados pelo que fizeram”, permitindo que um erro se sucedesse a outro, sempre maior, sempre mais criminoso.

Scruton reflete como se tivesse acabado de ler o decreto de Dilma Roussef:“Quando os poderes de Governo estiverem adequadamente repartidos e quando os que detêm a soberania puderem ser expulsos por uma votação, os erros podem encontrar o seu remédio. Porém suponhamos que as instituições de Governo estão montadas de tal maneira que toda a concentração de poder é irreversível, de modo que os poderes adquiridos pelo centro nunca podem ser recuperados. E suponhamos que aqueles que mandam no centro são nomeados, não podem ser afastados a pedido do povo, encontram-se em segredo e guardam poucas ou nenhumas atas das suas decisões. Acha que, nessas circunstâncias, existem condições em que possam ser retificados erros ou mesmo convincentemente confessados?”.

Todos os infinitos casos de corrupção; todas as manifestações de ódio coletivo que têm tomado as ruas; o longo e incansável trabalho de controle ideológico feito pelo Ministério da Educação, censurando, de forma velada, o conteúdo de milhões de livros didáticos distribuídos país afora; todas as tentativas de manter sob vigilância a mídia e a Internet; o evidente controle do Executivo sobre parcela do Congresso e do Supremo Tribunal Federal — tudo contribui para transformar o Decreto 8.243 na cereja do bolo.

Se ainda podemos ter alguma esperança, ela reside no fato de que eles sempre acabam destruindo uns aos outros. “Doze vozes gritavam cheias de ódio e eram todas iguais. Não havia dúvida, agora, quanto ao que sucedera à fisionomia dos porcos. As criaturas de fora olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez; mas já se tornara impossível distinguir quem era homem, quem era porco” — conta George Orwell no final de A Revolução dos Bichos.

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